Retrato da internacionalização das PME em Portugal

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Retrato da internacionalização das PME em Portugal
22 de Fevereiro de 2018
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Retrato da internacionalização das PME em Portugal
Francisco Branco
Jornalista e Coordenador Brands Channel
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Uma internacionalização alicerçada em feiras, facilitada pelo digital e em que os riscos financeiros são mitigáveis. Estes são alguns são dos fatores que ajudam a compreender o crescimento da atividade internacional das pequenas e médias empresas portuguesas. Mas já lá vamos.


Em 2017, 57% das empresas nacionais registaram um crescimento da sua atividade no exterior. 63% prevê continuar a crescer em 2018.


As conclusões são do segundo inquérito InSight, uma iniciativa da Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa com a E-Monitor, que visa tomar o pulso à evolução e capacidade de internacionalização das empresas portuguesas.

“Este crescimento deve-se, na sua grande maioria, a uma maior consolidação dos processos de internacionalização, que fazem cada vez mais parte dos ADN das empresas, e a uma maior aposta nos negócios além-fronteiras, que se refletiu – e seguirá a mesma tendência em 2018 – no aumento do investimento no negócio internacional, nomeadamente nas estruturas internas”, explica Pedro Magalhães, diretor de relações internacionais da Câmara de Comércio.

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Para 48% das empresas o negócio internacional já representa 50% do volume de vendas. Em 2016, esse número era de 39%.


“Registámos um número muito significativo de empresas que entrou em mais de uma nova geografia no decurso de 2017, numa clara «conquista» de novos mercados e, por consequência, de mais negócio. Além disso, assistimos a um maior número de deslocações a mercados externos, com o número de empresas a participar em missões empresariais praticamente a duplicar de um ano para o outro – 19% em 2016 para 40% em 2017”, refere o responsável.

Segundo o estudo, os gestores mostram-se mais empenhados em criar condições para que o crescimento seja sustentável a médio prazo. Mas como? Através de várias vertentes: aumentando a qualificação dos recursos humanos afetos à atividade internacional (45% dos inquiridos), aumentando a dimensão dessas equipas (39%), otimizando processos produtivos para manter a competitividade de produtos e serviços (43%) e até aumentando capacidades produtivas instaladas (34%).

Adaptar de forma contínua a estrutura do negócio parece ser, por isso, um dos segredos de sucesso. “Sem estarmos em constante desenvolvimento não conseguimos progredir. Trabalhar sempre com uma equipe coesa e bem treinada é também essencial. Por isso, os nossos Recursos Humanos fazem sempre parte da nossa estratégia de futuro, sobretudo, no que diz respeito à formação e às línguas estrangeiras”, revela Cristina Coelho, presidente-executiva da Ship4You, empresa cujo core-bussiness está assente na logística integrada para empresas de venda à distância e marketing direto, e cuja atividade no exterior representa 95% da faturação. “Sem a componente internacional não poderíamos sobreviver”, garante.

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Participar em feiras é uma das estratégias mais seguidas para promoção comercial, prospeção de mercado e angariação de clientes.


É o caso da TRIMNW, empresa portuguesa que centra a sua atividade na conceção de produtos têxteis para o setor automóvel. “Temos chegado a novos mercados utilizando as câmaras de comércio e as feiras da especialidade. Com as câmaras de comércio já participámos em diversas missões empresariais. São missões bem organizadas, com um interlocutor local no país de destino e com acompanhamento quase personalizado, o que facilita a interligação com possíveis novos clientes nesses mercados. Os próprios clientes vêm com bons olhos ter, numa primeira fase, um interlocutor local, que fala a língua local e conhecer os costumes e «modus operandi»”, revela Rui Lopes, CEO desta empresa, que exporta atualmente 99% da sua produção.

“A nossa estratégia a longo prazo é continuarmos a crescer nos mercados onde existe indústria automóvel. No ano de 2017 fizemos missões empresariais à Roménia e Marrocos, das quais esperamos este ano já ter algum retorno. Este ano já fizemos uma missão ao México e esperamos também iniciar as vendas este ano”, afirma.

Semelhante estratégia está a ser seguida pela Weedswest, outros dos grupos inquiridos na análise do observatório InSight, que opera nas áreas da construção, pavimentação rodoviária, metalomecânica, petróleo e gás. A aposta em eventos específicos, bem como “uma gestão muito intensiva e eficiente da informação das áreas de atuação” tem sido essencial. A atividade internacional representa já cerca de 80% do negócio. “Deixamos de assimilar a designação «mercado tradicional» há já muitos anos. Para nós o mercado é o mundo inteiro e a única constante nesta equação é a sua mutabilidade”, explica Fernando Costa, Business Development Manager.

"Para nós o mercado é o mundo inteiro e a única constante nesta equação é a sua mutabilidade"

Fernando Costa, Business Development Manager Weedswest


Apoiar a internacionalização das empresas portuguesas – na vertente de exportações -, como também a entrada de empresas estrangeiras no nosso país, promovendo a captação de investimento estrangeiro em Portugal, tem sido a principal missão da Câmara de Comércio, que aponta ainda outros fatores que têm ajudado a facilitar o processo.

54% dos gestores inquiridos refere como “muito importante” a “facilidade de identificar e comunicar com novos clientes através da internet e de plataformas digitais” e 53% afirma ser também muito importante a “facilidade em consultar informação sobre mercados na Internet”. Para 83% dos gestores o digital é garante de eficiência, de rapidez, requisitos mínimos de contextos comerciais cada vez mais agressivos.

De referir também que estamos perante uma atividade internacional em que os riscos financeiros são mitigáveis – “67% dos inquiridos escolhe a moeda de faturação para anular riscos cambiais; 59% garantem o recebimento antecipado/pagamento no ato de encomenda para obviar riscos de cobrança”, pode ler-se no estudo.

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Os empresários já perceberam que, num mundo cada vez mais globalizado, é preciso transcender as fronteiras nacionais, e ampliar o campo de visão das organizações.


“Tem sido determinante uma visão cada vez mais abrangente dos CEO e líderes das empresas sobre a estratégia de crescimento das suas organizações, que já não se limita à procura interna e aos países vizinhos e aposta cada vez mais na diversificação de novos mercados”, salienta Pedro Magalhães. De resto, de acordo com o Observatório InSight, 45% dos inquiridos entrou em, pelo menos, um novo mercado em 2017.

No ano passado, Espanha foi o mercado que mais contribuiu para o crescimento da atividade internacional (para 28% das empresas). Seguiram-se França (25%), Angola (21%), Alemanha (15%) e Reino Unido (14%). Em 2018, a tendência vai sair reforçada. 65% dos inquiridos espera aumentar o número de mercados em que atua.


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