Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial:
O jornalismo nunca foi tão importante para a economia do país. Apoie a produção dos nossos conteúdos tornando-se membro ou subscritor da nossa comunidade.
Faça parte de uma causa de empoderamento das marcas, das empresas e das pessoas que nelas trabalham.
De cinco em cinco anos somos chamados a eleger o Presidente
da República, o cidadão que irá ocupar o cargo mais alto da Nação.
Não, não vou comentar sobre o perfil dos nove cidadãos que se
apresentam ao cargo, nem tão pouco deixar transparecer a minha tendência de
voto, sendo, certo, que irei exercer o meu dever cívico no dia 24 de janeiro.
No entanto e enquanto cidadão ligado ao mundo da comunicação
não posso deixar de reparar o quanto as campanhas eleitorais mudaram ou
evoluíram em 40 anos.
Lembro-me do entusiasmo que sentia sempre que o candidato
(político) passava por Elvas e fazia a sua arruada e eram distribuídos
panfletos, autocolantes que colava na roupa sem discutir candidato, partido ou
cor política, de correr atras de bandeiras, canetas, réguas, sacos… enfim…
merchandising político que fazia as delícias dos pequenos e dos graúdos.
Dois dos slogans de campanha que ainda hoje recordo de ouvir
são: “Soares é Fixe” e “P'ra Frente Portugal"! Estávamos em 1986 e estes
slogans, respetivamente de Mário Soares e Freitas do Amaral, estavam, sei hoje,
em t-shirts, crachás, cartazes, autocolantes, bandeiras, panfletos. Curioso que
nessas eleições tivemos pela primeira vez uma mulher a concorrer – Maria de
Lurdes Pintassilgo –, mas o que a grande maioria da população recorda é o ruído.
Chegados aos anos 90 houve como que uma continuidade na
aposta de uma fórmula vencedora. Era normal vermos o rosto dos candidatos em
“grandes formatos” ou em pintura mural junto a rotundas ou pontos de grande
afluência de público. As televisões, entretanto, quatro canais, pontuavam com
debates ou entrevistas aos candidatos.
A entrada no século XXI havia de ditar uma mudança na estratégia
das campanhas eleitorais, que se queriam então low cost. O merchanding foi
reduzido, as tradicionais arruadas foram encolhidas e deu-se a primazia ao
contacto via rede social, os folhetos ao manifesto no site ou rede social da
candidatura. Ficaram os debates e entrevistas em rádio, televisão e programas
de entretenimento. Os jantares/almoços com simpatizantes.
Em 2006 o então candidato Aníbal Cavaco Silva optou por
falar pouco, evitar polémicas e repetir à exaustão as ideias-chave da sua
candidatura. Cerca de 10 anos depois o candidato Marcelo Rebelo de Sousa apresentava
a sua candidatura sozinho e tendo apenas como fundo a bandeira de Portugal.
É certo que vivemos tempos diferentes, que a pandemia é uma
realidade, que estamos num tempo de crise económica e social que não facilita a
mobilização das pessoas para jantares e comícios. Também é verdade que o
aparecimento de novos atores na cena política, que têm apostado muito nos novos
meios de comunicação e nas redes sociais, em detrimento das formas de comunicação
dos tradicionais partidos políticos, veio trazer um mundo novo à forma como se
comunica em política. Mas, tenho dúvidas se esta será a melhor estratégia para
que os candidatos passem as suas mensagens. As entrevistas e debates são uma realidade,
mas, por vezes, o conteúdo nem sempre é rico de ideias para o futuro; e muitos
dos futuros votantes “não estão nem aí” para esse tipo de conteúdo. Isto sem
esquecer que temos um país a várias velocidades.
Vivemos tempos de distanciamento
físico, mas quem tem a missão de desenhar estratégias políticas deve ter
presente que fazer “política low cost”, de marca branca, pode ser
contraproducente. Afinal, temos cinco sentidos e o ruído posiciona a nossa
mensagem.
Artigos Relacionados
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.