O trabalho remoto e o jovem profissional

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A opinião de Luciana Cani
O trabalho remoto e o jovem profissional
16 de Outubro de 2024
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O trabalho remoto e o jovem profissional
Luciana Cani
Diretora Criativa Executiva da AKQA Portland
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Quando se fala em trabalho remoto, muito se discute sobre como esse modelo pode impactar negativamente os profissionais em início de carreira. Essa nova realidade, apesar de oferecer flexibilidade, traz desafios no que diz respeito ao desenvolvimento profissional e ao aprendizado prático.


No início da minha trajetória, a aprendizagem era fortemente baseada na convivência diária com colegas mais experientes. Estar fisicamente presente no ambiente de trabalho era extremamente valioso. A simples observação das decisões tomadas e o convívio com profissionais mais sênior ofereciam oportunidades para absorver conhecimento, entender nuances e aprender habilidades.


No entanto, também lembro que, no começo da minha carreira, demorou muito até que eu pudesse assumir um papel mais significativo em projetos. Os estagiários e profissionais com pouca experiência tinham uma participação marginal no processo criativo ou produtivo. Eu tinha uma grande sede de me envolver mais, de colocar a mão na massa, mas, na maioria das vezes, o meu trabalho era de suporte ou assistência a alguém mais experiente. Passei muito tempo antes de ter a oportunidade de acompanhar uma produção de filme ou apresentar algo diretamente a um cliente.


Hoje, na minha equipa 100% remota, vejo uma realidade muito diferente da que vivenciei no passado. Tenho profissionais que, mesmo antes de serem promovidos a cargos plenos, já apresentaram projetos importantes em concorrências, acompanharam produções e têm um contato semanal com clientes. Isso demonstra que, mesmo à distância, é possível proporcionar aos jovens oportunidades significativas de crescimento.


O trabalho remoto abre uma possibilidade de mudança no modelo de desenvolvimento e na curva de aprendizado dos jovens profissionais, criando uma oportunidade para mais ação do que observação.


É fundamental, no entanto, que haja um acompanhamento mais profundo desses profissionais, por meio de mentorias regulares, feedbacks estruturados e constante envolvimento de um profissional mais experiente. Assim, conseguimos criar um ambiente mais dinâmico, com oportunidades concretas de participação ativa, onde o aprendizado é acelerado pela ação, e a responsabilidade é partilhada por todos desde o início da carreira.

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