O Mundo mudou. Será mesmo assim?

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A opinião de Jorge Cristino
O Mundo mudou. Será mesmo assim?
15 de Julho de 2024
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O Mundo mudou. Será mesmo assim?
Jorge Cristino
Especialista em Sustentabilidade e Governança Multinível
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É comum dizer-se que o Mundo mudou, ou que o Planeta está a mudar. Outros afirmam que tudo é cíclico, que a história se repete e que tudo se transforma. Mas será mesmo assim?

 

Recentemente, numa das minhas habituais incursões culturais e pedagógicas a centros interpretativos e educativos, visitei o Planetário de Marinha, em Lisboa, que no próximo ano celebra 60 anos. Recomendando a observação atenta das várias sessões do seu programa, destaco as que nos transportam para as origens, do Universo e do Planeta Terra, e nos trazem de volta aos dias de hoje.

 

Dos quase 4,6 mil milhões de anos de passado e de outro tanto que o futuro reserve ao sistema solar, a verdade é que nunca tudo foi igual. Em particular, no nosso planeta, que a uma velocidade orbital média de translação de 100 mil km/h e de rotação de 1600 km/h, em permanência, a verdade é que a atmosfera, os oceanos, os solos, a biodiversidade e a espécie humana (com apenas 4 milhões de anos), foi sendo sempre transformada (até mesmo o eixo de rotação da Terra). Apesar de tudo, este último período de 11 mil anos de estabilidade climática (Holoceno), em simultâneo com a presença humana, permitiu, num muito curto espaço de tempo, realizar evoluções extraordinárias, desde a transformação de materiais e do seu uso (idade da pedra, do fogo e do ferro), passando pelas revoluções agrícolas, científicas, industriais até à idade da inteligência artificial.

 

Esta incrível evolução e conhecimento, deve-nos fazer pensar, não como estamos a destruir o planeta ou as espécies que cá habitam, criando bloqueios, inação e desresponsabilização individual e coletiva, mas antes como podemos cooperar para prolongar a sua vida e a nossa permanência. Conhecer melhor como a Natureza funciona, como se adaptou e adapta, investir na sua proteção e no seu restauro, valorizar o seu capital e torna-la vantajosa para a ação social e económica global da Humanidade, é essencial. Isto é, mimetiza-la, tornando-nos sustentáveis, sinérgicos e simbióticos. Em suma, assumir e transitar para uma Economia Regenerativa.


Por outro lado, não ter receios de que a ciência e a tecnologia (tecnoesfera), apesar de melhor cuidada, nos possa trazer avanços civilizacionais significativos e que neste aspeto salvar-nos-á a todos, dando saltos quânticos, que de outra forma, não conseguiríamos trazer segurança e estabilidade à Humanidade e ao Planeta.

 

Neste contexto, não são irrelevantes dois temas essenciais da atualidade. A Guerra à porta da Europa, transformada numa Guerra Fria entre dois grandes blocos mundiais no Norte Global, e as Políticas Públicas Europeias e Internacionais para o ambiente e energia, protagonizadas pela União Europeia e pelas Nações Unidas.


Em relação ao primeiro tema, não temos dúvidas da necessidade dos Estados e das empresas se adaptarem a uma economia de guerra, onde deve ser privilegiada a autonomia de recursos, a diminuição da interdependência com o exterior, uma maior sustentabilidade assente em vários eixos, uma gestão cautelosa e preditiva dos aprovisionamentos, a aposta clara nos sistemas de circularidade, uma aceleração dos investimentos que nos coloquem rapidamente na linha da frente por antecipação, quer na tecnologia, na logística e na energia, e claro, um forte investimento nas pessoas e no conhecimento, que passa não só pela condições de trabalho, mas também pela saúde mental, dos valores fundacionais das democracias e do equilíbrio entre a vida pessoal e familiar.

 

O contexto inicial e estas soluções, ligam com o segundo tema essencial. As políticas públicas aprovadas e em implementação ao nível europeu, levam-nos para uma direção clara. A de preservarmos e salvaguardarmos os sistemas ecológicos, contribuirmos para a estabilidade climática, reduzirmos o consumo de recursos e a produção de resíduos e com isto diminuirmos os níveis de poluição e acelerarmos a transição energética e digital.


Ao nível da União Europeia, esta direção saiu reforçada nas últimas eleições, onde continuou vencedor, com maior representação no Parlamento Europeu, o grande bloco central, onde assenta o equilíbrio entre as políticas de crescimento económico e as de proteção da natureza, isto é, de desenvolvimento sustentável, ou se quisermos de ecodesenvolvimento, também associado ao decoupling (dissociação entre o desenvolvimento e o bem-estar e o consumo de recursos e o impacto no clima e na natureza), ainda que os partidos dos verdes tenham visto a sua representação diminuída. A continuidade da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, principal embaixadora do Green Deal, e que ambiciona sermos o primeiro continente climaticamente neutro, torna expectável, conforme as recentes comunicações, a continuidade do pacote de medidas associado, como são:


1.     a taxonomia europeia e as obrigatoriedades de report corporativo de sustentabilidade, no que respeita aos indicadores ambientais, sociais e de governança, além dos financeiros. O tão propalado CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), que entra numa nova dimensão de harmonização com o CSDDD (Corporate Sustainability Due Diligence Directive);

2.     a aprovação pelo Parlamento e Conselho Europeu da Lei do Restauro da Natureza, que visa fazer com que a natureza e os ecossistemas voltem a estar em bom estado de conservação, com o objetivo de restaurar 30% dos habitats terrestres, costeiros, marinhos e de água doce em más condições até 2030, 60% até 2040 e 90% até 2050;

3.     a entrada em vigor do ato delegado das matérias-primas críticas (Critical Raw Materials Act) que visa reforçar as cadeias de abastecimentos dos países da União Europeia, assegurar um aprovisionamento seguro e sustentável de matérias-primas críticas para a indústria europeia e reduzir significativamente a nossa dependência das importações provenientes de fornecedores de um único país, além de fomentar a transição digital e energética com base em energias renováveis. Considerando a lista de matérias-primas críticas e estratégicas para essa transição, os objetivos são extrair a nível interno 10% das matérias-primas críticas, por ano, processar 40% dessa procura e reciclar 15%, até 2030, produzir pelo menos 40% da tecnologia limpa necessária até 2030 e assegurar que não mais de 65% do consumo de qualquer matéria-prima estratégica seja proveniente de um único país terceiro;

4.     e por fim, a adoção do Net-Zero Industry Act, que integrado no Plano Industrial do Pacto Ecológico, tem como objetivo aproximar ou atingir, até 2030, pelo menos, 40 % das necessidades anuais da capacidade de fabrico geral de tecnologias estratégicas de impacto zero na União. Esta ato delegado em simultâneo com as políticas de emissões e de captura, armazenamento e utilização, de forma sustentável do carbono, bem como o carbon border adjustment mechanism (CBAM) permite ver a tal continuidade para alcançar a neutralidade climática. Assim como o princípio DNSH (Do No Signifant Harm) que tem sido esquecido na linguagem comum do dia-a-dia, e que deve fazer parte das decisões políticas e empresariais. A acrescentar ao nível das cidades, o projeto Net-Zero Cities com a ambiciosa Missão de tornar 100 cidades neutras climaticamente até 2030.

 

Termino, mas não sem antes voltar à questão da evolução do nosso Planeta, pois a implementação de todas estas ações e medidas, só é possível com “Cidades de um Planeta”, como Guimarães, cujo ecossistema de governança é único, e que esta semana passou à fase final do Prémio Capital Verde Europeia 2026. Torcemos e esperamos que, juntamente com Águeda, como Green Leaf, venham a ser vencedoras, no próximo 24 de outubro, pelo seu extraordinário exemplo e liderança.

Respondendo à questão inicial: sim, o Mundo mudou e está em permanente mutação, mas a atual direção deve permanecer a mesma, lutando pela estabilidade do sistema climático terrestre, até atingirmos os resultados esperados. Enquanto isso não acontece, saibamos adaptar e agir.

 

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