O efeito borboleta da instabilidade

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A opinião de Jorge Cristino
O efeito borboleta da instabilidade
11 de Março de 2025
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O efeito borboleta da instabilidade
Jorge Cristino
Especialista em Sustentabilidade e Governança Multinível
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Ao longo da história mais recente da humanidade, os contextos geopolíticos acabaram por ser decisivos para as estratégias das empresas, para além do dia-a-dia das pessoas. Em cada sobressalto houve uma viragem e com isto uma nova era.

 

Por isso, quando Volodymyr Zelensky disse a Donald Trump, em plena Sala Oval dos EUA, que vão acabar por sentir, por influência, aquilo que acontecer nos conflitos armados, está totalmente correto, isto apesar do oceano que os separa. Esta certeza advém da história, que não pode ser ignorada, mas sobretudo da economia globalizada e da era da informação e digitalização.

 

Os contextos geopolíticos continuam assim a trazer uma certeza: a da capacidade de influenciar a vida das empresas e das pessoas. Em cada setor de atividade, em cada área política, a direção da visão de uma potência mundial influência sobremaneira a dos outros países. É a chamada Teoria do Caos, através do Efeito Borboleta, de Edward Lorenz, em que um simples bater das asas pode causar um tornado no outro lado do mundo.

 

Essa vulnerabilidade adensa-se com o crescimento das interligações através de sistemas de informação, financeiros, bancários, energéticos, de consumo, de produção agroalimentar, etc. Um sistema integrado e complexo, composto por vários subsistemas, tal e qual o nosso Sistema Climático Terrestre, comunicante entre eles e que fazem aumentar a nossa exposição individual e coletiva a fatores externos.

 

Por esta ordem de ideias, podemos analisar o que está a acontecer na área da sustentabilidade e da descarbonização da economia e da sociedade. O facto da administração Trump ser negacionista e não acreditar nas alterações climáticas, com a decisão de sair do Acordo de Paris, tem feito muitas economias duvidarem sobre a necessidade da descarbonização, continuando a produção e consumo dos combustíveis fósseis e recuando na transição energética para produção por fontes renováveis. Ainda assim, a moeda de troca que Trump coloca em cima da mesa para os EUA continuarem a apoiar a Ucrânia e negociar a paz é, veja-se bem, os Recursos Minerais, necessários para a aposta na transição energética e digital, diminuindo a dependência dos combustíveis fósseis. Se olharmos à volta, o mesmo aconteceu com a China nos últimos 10 anos, em que apesar da sua dependência do carvão e do seu silêncio relativo à corrida para uma neutralidade, acabou por apostar em larga escala na produção de painéis fotovoltaicos, baterias e em carros elétricos.

 

A União Europeia (UE) almejando ser o primeiro continente neutro em carbono, é bastante influenciada por este contexto geopolítico, mas ao mesmo tempo é pressionada por alguns setores industriais, como por exemplo o agrícola e o automóvel. Sem querer mudar de direção e continuando a seguir a sua estratégia do Pacto Ecológico Europeu, a UE tira o pé do acelerador, aliviando prazos, através do OmniBus e do Clean Industrial Deal, enquanto diminui a complexidade e delega algumas das responsabilidades nos Estados-Membro.

 

Esta instabilidade e confusão geopolítica acaba por influenciar a estratégia e os investimentos das empresas, principalmente das que apenas olham para esta agenda, numa vertente de “compliance” e não como um valor acrescentado da sua marca e uma forma de diminuir os custos e adicionar valor aos seus ativos e operações.

 

O mesmo acaba por acontecer na lógica de política interna, em que a instabilidade governativa provoca mudança de políticas e de programas, influenciando a vida das pessoas e das empresas, criando indecisões e dúvidas em termos de investimentos e em termos estratégicos. Sobretudo numa área, como a da sustentabilidade, em que muitos estão a dar os primeiros passos e retraem-se no seu percurso inicial.

 

Há uma coisa que é certa e que as evidências científicas alertam: os fenómenos extremos climáticos tendem a agravar-se, os custos somam-se para os que não se adaptam e com isto, o preço a pagar por não apostarem na descarbonização e na adaptação vai ser tanto maior quanto mais tarde adotarem este caminho.

 

A transição climática, energética e digital não se compadece com hesitações. O futuro pertence a quem souber adaptar-se às diferentes realidades de maiores exigências. Quem estiver à espera de certezas e maior estabilidade para agir, arrisca-se a ficar para trás.

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