A indústria automóvel entrou numa numa nova era. Eletrificação, conetividade, mobilidade partilhada ou condução autónoma fazem parte de um léxico renovado e de um admirável mundo novo, carregado de esperança para as futuras gerações.

Fazendo jus a uma história marcada pela inovação e pela capacidade de liderar tendências, o setor vive um processo de transformação que dificilmente encontra paralelo em qualquer outro. E, uma vez mais, está a fazer mais do que apenas dizer “presente”: a indústria está a tomar a dianteira no contributo que oferece à humanidade para o cumprimento das grandes metas de descarbonização, fazendo parte da solução e partilhando todo o seu conhecimento e experiência ao longo da cadeia de valor.

Inspirado pela extraordinária visão dos seus pioneiros – que começaram por fazer o essencial, ou seja, proporcionar mobilidade e a liberdade de ir mais longe – o setor automóvel está, neste início do século XXI, a caminhar para uma nova abordagem, holística, abrangente, transversal e conectada, que significa uma espécie de salto quântico na relação entre homem e máquina.

Os novos veículos “inteligentes” – integrados e conectados também eles a sistemas inteligentes, abrangendo os mais diversos segmentos, do particular ao empresarial - são o fruto e ao mesmo tempo a face de uma indústria renovada e cada vez mais sustentável. Novos serviços como o car-sharing ou de subscrição, a aposta nos Purpose Built Vehicles, que irão transformar a mobilidade profissional nas cidades, formas muito mais sofisticadas de gerir frotas ou mesmo algo tão inusitado como injetar energia acumulada na bateria do automóvel na rede da própria casa, decorrem de avanços tecnológicos que vão permitir utilizações mais racionais do automóvel e representam formas inovadoras de experienciar a mobilidade.

Os ventos de mudança não se refletem apenas no último elo da cadeia, que é a utilização. A montante, a indústria está a investir em novas tecnologias sustentáveis em toda a sua cadeia de valor, introduzindo circularidade nos processos, fontes de energia renovável e promovendo a utilização de materiais reciclados e de bioprodutos na construção dos seus modelos. Está motivada pela necessidade de cumprimento de metas, muitas vezes autoimpostas e que não raramente excedem o que foi determinado a um nível macro. A McKinsey estima que, até 2050, o investimento global em veículos de baixas emissões e infraestruturas de carregamento atinja o valor astronómico de 3,5 biliões de euros por ano.

A Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que os veículos elétricos, elemento central deste novo paradigma, venham a representar mais de 60% do mercado global em 2030. São dados que revelam uma tendência incontornável, mas cujo impacto positivo só será verdadeiramente efetivo se suportado por um ecossistema que englobe as mais variadas componentes de uma mobilidade sustentável.

No entanto, há quem pergunte, no meio de tão impactante mudança, onde fica a componente emocional desta indústria que sempre moveu paixões. Cremos que se mantém intocada ou até mesmo fortalecida. Além dos extraordinários avanços em termos de eficiência ou segurança que se têm observado, a arquitetura dos veículos elétricos, com as suas plataformas planas, abriu um mundo de novas possibilidades do ponto de vista criativo, resultando em habitáculos com soluções tecnológicas inovadoras, mais espaçosos e versáteis, associados a estilos exteriores mais disruptivos.

Um novo paradigma, mas a paixão é a de sempre.