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Desde que
fui pai que aprendi a colocar várias aspectos da minha vida em perspectiva,
quer a nível pessoal, quer a nível empresarial. Mas para esta crónica o que
realmente importa é a dimensão profissional.
Porque em última
instância - mesmo que alguns o tentem negar - é desta dimensão que depende
muita da nossa estabilidade emocional, auto-estima, orgulho próprio e claro,
não menos importante, o dinheiro que nos permite adquirir bens materiais e
alimentos para nós e para quem depende de nós.
Quando no dia
12 de Março a sociedade como um todo se uniu para pedir aos governantes que
fechassem o país - eu incluído - não pensámos em tudo o que estaria para vir e
muito menos nas graves consequências que existiriam para milhares e milhares de
famílias portuguesas. É verdade que estávamos perante uma emergência sanitária,
é verdade que era preciso "achatar a curva" e é verdade que - fazendo
fé nos especialistas - foram poupadas desta forma muitas vidas.
Mas, voltando
ao início desta crónica, esquecemo-nos de colocar esta pandemia em perspectiva.
Esquecemo-nos que é fácil ao deputado, ao funcionário público, ao empresário do
sector que não foi afectado, ao reformado, ao estudante e ao trabalhador por
conta de outrem - protegido muitas vezes por um contrato de trabalho vitalício
- dizer "vamos fechar tudo e vamos para casa".
Pior ainda, esquecemo-nos que sete
meses depois, a quarenta e poucos dias do Natal, haveria milhares de pequenos
empresários da restauração a ver o trabalho de uma vida desaparecer, hoteleiros
e os seus funcionários destroçados, famílias com os dois pais desempregados e
profissionais da área dos eventos arruinados. Esquecemo-nos que sem pessoas na
rua não há quiosques, que sem quiosques não se vendem jornais, que sem jornais
não há jornalistas, que sem jornalistas não há jornalismo e que sem jornalismo
não há Democracia. Assim mesmo, com D maiúsculo.
Se me dessem a
escolher preferiria qualquer maleita do mundo a faltar um dia que fosse uma
refeição ao meu filho. Qualquer uma das pessoas que lê esta crónica acredito
que também. Para percebemos a real dimensão desta crise na vida de muitas
pessoas temos que olhar exactamente desta forma para elas: como pessoas. Pais,
mães, filhos, pessoas como nós.
No mais bonito poema
de Natal da língua portuguesa, José Carlos Ary dos Santos diz-nos que o
"Natal é sempre que o homem quiser" e como que dando-nos um soco no
estômago faz questão de nos lembrar daqueles pais que inventam "ternura e
brinquedos para dar" e "bonecas e comboios de luar". E que
sofrem porque "mentes ao teu filho por não os poderes comprar".
Fala-nos também
da fome no Natal de outros tempos, tempos que há um ano pareciam tão
longínquos: "tu que vês na montra a tua fome que eu não sei / fatias de
tristeza em cada alegre bolo-rei / pões um sabor amargo em cada doce que eu
comprei és meu irmão, amigo, és meu irmão".
Seria uma
heresia dizer que os publicitários, as marcas, marketeers e os comunicadores
inventaram o Natal. Mas a verdade é que contribuíram muito para aquilo que ele
representa no nosso imaginário. Se somos co-responsáveis por esta altura mágica
do ano, temos que ser responsáveis na hora de ajudar os nossos irmãos que
passam por
dificuldades e
isso só será possível se não deixarmos ninguém para trás. Se ajudarmos na
medida do possível e se incentivarmos as marcas que trabalhamos a salvarem o
Natal de muitas famílias.
Por favor,
nesta altura do ano, vão a restaurantes, comprem prendas nacionais, não deixem
budget publicitário por gastar, contratem pessoas, assinem jornais, comprem
media, programem eventos coorporativos dentro das regras possíveis, patrocinem
eventos no digital e não deixem nenhum parceiro para trás.
Tudo isto
porque, como dizia o poeta, "tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
/ és meu irmão, amigo, és meu irmão".
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