Há um simbolismo grande em torno desta efeméride, já que foi precisamente neste dia, em 2015, que as Nações Unidas adotaram os 17 ODS para serem implementados por todos os países até 2030, e agora Portugal torna-se no primeiro país a instituir a celebração oficial do “Dia da Sustentabilidade”. Sem dúvida, um marco a assinalar.

Contudo, o que gostaria de ver naquilo que diz respeito à importância desta data era que a mesma fosse traduzida numa discussão clara e relevante sobre o que falta pôr em prática no país, mostrar que se está a trabalhar com afinco e dedicação nos temas da Sustentabilidade e não mostrar apenas um conjunto de boas intenções. Precisamos de compromisso.

No fundo, todos temos um papel a desempenhar no que diz respeito a esta matéria, já que estamos convocados para fazer mais e melhor para a proteção do meio ambiente, para mitigar o impacto da atividade humana no Planeta e em promover o nosso bem-estar e qualidade de vida. Devemos assumir estes compromissos como se se tratasse de um contrato vinculativo.

Pessoalmente, face aquela que é a atuação da Sociedade Ponto Verde, também gostaria de ver Portugal a transformar-se num caso de estudo para outros países, no que diz respeito à gestão dos resíduos urbanos que são produzidos no nosso país e no cumprimento das tão exigentes metas da Reciclagem que temos pela frente.

O setor das embalagens é o único fluxo que tem cumprido e, sem dúvida, que estes bons resultados deveriam estar já a ser acompanhados pelos outros fluxos que ainda não cumprem, como os biorresíduos.

Os dados positivos da recolha seletiva de embalagens só são possíveis pelo trabalho de quase 30 anos da Sociedade Ponto Verde, pela experiência que temos no terreno, pela colaboração com todos os agentes económicos e parceiros da cadeia de valor, e por estarmos, sempre, disponíveis para o diálogo.

Se há ainda muito a fazer no setor dos resíduos urbanos? Com certeza que sim.

Pelo que mencionei antes, e defendo em vários fóruns, reciclar é muito mais do que colocar embalagens nos ecopontos e Portugal precisa de recolher muitos mais recicláveis que estão a ser desperdiçados e que têm de ser entendidos pelo seu valor enquanto recursos. Refiro-me além dos biorresíduos, aos resíduos de fluxos específicos como os equipamentos elétricos e eletrónicos, ou o mobiliário velho, mas também os têxteis.

Por isso, a necessidade de refletir e atuar, não só neste Dia Nacional da Sustentabilidade, mas todos os dias para que sejam criadas novas soluções baseadas na digitalização e tecnologia que tragam mais conveniência aos cidadãos e às empresas, para que se recicle mais e melhor, e leve, consequentemente, a uma diminuição dos resíduos que são depositados em aterro, onde existe a meta de chegar a 10% em 2035 e que hoje se situa nos 64%.

No que diz respeito à nossa atuação, continuaremos a trabalhar para promover a causa da Reciclagem no nosso País, em incentivar a mudança de comportamentos e em fazer evoluir o sistema, para ser cada vez mais inovador e moderno

Se por um lado a Sustentabilidade pretende atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer as futuras, por outro lado procura dar a conhecer o uso consciente dos recursos naturais que detemos.

Entendamos este Dia Nacional da Sustentabilidade, que hoje estamos a comemorar pela primeira vez, como um marco para que haja um melhor entendimento sobre os desafios e as oportunidades que ainda existem para termos um país mais verde, responsável e inclusivo. Todos juntos.