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"Antes de aceitar um desafio profissional, deveríamos levar em consideração fatores que vão muito além do salário."
Afinal, se os valores de uma empresa não refletem os nossos, dificilmente seremos um profissional bem-sucedido naquele lugar.
A cultura de uma empresa, que são os valores que cada funcionário reflete na sua atitude e modo de trabalhar, tem um impacto enorme na performance e no bem-estar de um profissional.
Demorei muitos anos para perceber isso. Não entendia, em épocas de frustração no trabalho, que o problema não era a profissão que tinha escolhido, e sim o modo como trabalhávamos naquele determinado lugar.
Essa confusão é mais comum do que se pensa.
Uma vez, conheci uma estagiária que estava vindo de uma outra agência do mercado. Ela dizia que aquela era a última chance que dava à profissão. O estágio anterior a tinha deixado tão infeliz, que ela acreditava ter escolhido a profissão errada.
Felizmente, este segundo estágio correu melhor e ela seguiu na carreira. O problema não era a profissão, e sim a cultura da outra agência, que não era adequada aos valores dela.
Nem sempre é tão fácil identificar a cultura de uma empresa antes de colocar os pés dentro. Mas temos alguns bons exemplos de empresas famosas por sua forte cultura.
Um bom exemplo é o Airbnb com o seu “Belong Anywhere”. Esse pensamento permeia todas as facetas da organização. Espaço de trabalho, benefícios e horário. A empresa chega a dar a cada funcionário $2,000/ano para despesas de viagem, incentivando-os a explorar novos destinos através de lugares listados no Airbnb.
Outro exemplo é a Zappos, mais do que vendas online, a empresa tem como compromisso “Delivering happiness”. No call center não existe script ou tempo limitado para chamadas, a ligação acaba quando o cliente estiver feliz e os seus assuntos resolvidos da melhor maneira.
Internamente, eles asseguram o bem-estar dos funcionários oferecendo seguro saúde gratuito, só para citar um entre muitos outros benefícios oferecidos.
Infelizmente, algumas empresas são bem menos transparentes e tentam criar uma cultura de aparência. Não basta colocar uma cesta de basquetebol ou uma mesa de snooker no meio do escritório se a empresa nunca incentivou os funcionários a usarem o seu tempo mais livremente.
O mesmo acontece com empresas que se dizem menos hierárquicas e mais colaborativas promovendo o “open space”, mas mantendo salas fechadas só para diretores. É um compromisso parcial.
Cultura é algo mais profundo e, obviamente, vai para além de alguns arranjos de espaço.
Por tudo isso, “Cultural fit” é um fator crucial tanto na hora de aceitar uma proposta quanto na hora de contratar alguém.
O processo de seleção mais complexo pelo qual passei até hoje foi para esta posição aqui nos Estados Unidos. Após umas 4 ou 5 entrevistas com EVP Managing Director da agência, ainda fui entrevistada pelos líderes de cada departamento e, por último, pelas pessoas das quais eu seria chefe. Foram meses de Skype e um dia em Chicago com agenda cheia de entrevistas. A pessoa que depois virou o meu chefe, explicou-me que a pergunta mais importante que ele fazia para as pessoas que me entrevistaram era se eu refletia a cultura da agência.
Tive um outro chefe que dizia que entre um excelente e arrogante criativo e um não tão brilhante, mas humilde, ele preferia sempre este último. Ele acreditava que era mais fácil treinar um criativo a ser melhor do que mudar a personalidade de alguém. Eu concordo 100%.
"É por isso que é melhor mudar de emprego do que tentar adaptar-se a um modo de trabalho e a um ambiente que nada tem a ver connosco."
A nossa personalidade diz muito sobre o lugar que melhor podemos nos adequar.
Por isso, o primeiro passo é o autoconhecimento.
Prefiro uma gestão mais horizontal onde o poder é descentralizado ou sinto-me mais confortável com uma estrutura hierárquica?
Sinto-me mais motivado e produzo melhor num ambiente competitivo ou em um mais colaborativo?
Entrevistar-nos a nós mesmos, antes de sermos entrevistados por uma empresa, nos dará confiança para dizer não a uma oferta que aparentemente parece boa, mas que não nos fará felizes ou melhores profissionais.
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