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É já hoje que o Reino Unido sai da União Europeia. Dia 31 de janeiro de 2020 fica na história do país e do mundo. Mas que implicações tem este momento para as empresas portuguesas? E de que forma a marca nação está comprometida? Fomos à procura das respostas.
O país liderado por Boris Johnson é o quarto maior cliente dos bens nacionais e o seu oitavo fornecedor, com as vendas em 2018 a ultrapassarem os 3,6 mil milhões de euros. O momento está a causar ansiedade nas empresas portuguesas já que se estima que o Brexit possa levar a uma quebra das exportações na ordem dos 15%.
Segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) há 26 empresas nacionais que só exportam para o Reino Unido. E não é por acaso que, segundo um estudo realizado pela empresa de investimento Clearwater Internacional, as empresas portuguesas são as mais pessimistas no que toca ao impacto do Brexit, com 37% a referirem que terá um efeito “negativo” ou “muito negativo”.
À Lusa, Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, referiu que “as empresas nacionais estão claramente a par dos riscos do Brexit” afirmando que há “um conjunto de atividades muito grande e de divulgação durante todo este período pelo país fora, com associações e diversos setores”.
Até novembro do ano passado, as exportações de bens portugueses para o Reino Unido abrandaram 0,2%, face ao mesmo período de 2018, para 3.383 milhões de euros, enquanto as importações subiram 13,2% para 1.972 milhões de euros.
A AICEP deixou alguns conselhos às empresas nacionais, entre os quais, ter em atenção “o enquadramento tarifário futuro e o seu impacto”; ter em conta “qual a perspetiva que se faz da evolução da economia britânica e que impacto é que isso tem para a libra”; e ainda ter uma “estratégia de diversificação preparada e pronta”.
Estima-se que em 2018 havia cerca de 3 mil empresas portuguesas a exportar para o Reino Unido, mais 129 do que em 2017.
O impacto na marca nação
Todo este processo de saída da União Europeia (UE) ameaça abalar a imagem de marca do Reino Unido. Sinónimo de prestígio, inovação e qualidade aos olhos do mundo, hoje a marca nação pode vir a sofrer consequências. Mas que implicações terá no futuro?
“Do ponto de vista interno é pública a divisão de opiniões e só a prazo saberemos verdadeiramente o impacto desta decisão. Neste momento o orgulho nacional parece pesar mais”, explica-nos Pedro Tavares, Partner e CEO da OnStrategy. “Numa perspetiva externa, e no âmbito dos países que estão mais próximos (entenda-se os membros da EU) o impacto é negativo sobretudo ao nível das dimensões políticas e económicas tanto junto dos cidadãos, empresas e meios de comunicação social; no que respeita à dimensão económica acreditamos que este impacto ainda possa ter alguma volatilidade considerável até se perceber e sentir realmente o que vai mudar nas relações entre países. A única dimensão que neste momento não é afetada diz respeito ao ambiente social”, esclarece.
Para Pedro Tavares, os atributos mais penalizados quando falamos de dimensão política e económica serão a “imagem do governo, participação e contribuição responsável no desenvolvimento da economia e cultura na comunidade global” assim como a “promoção de um ambiente favorável para o desenvolvimento de negócios”.
Mas não é de agora que a marca nação tem vindo a ser afetada. Na verdade, todo este processo que já dura há mais de 3 anos, o que foi “enfraquecendo” ao longo do tempo uma das marcas mais fortes no mundo, já que colocou em causa perceções associadas à “transparência e ética” – dois dos valores mais apreciados no mundo das marcas nos dias de hoje.
Na visão do responsável da OnStrategy ainda é cedo para analisar as possíveis consequências mas é claro que todos estes fatores “terão de ser levados em consideração nas estratégias e táticas de relacionamento com os diferentes stakeholders internos e externos, e com táticas e intensidades diferentes de acordo com o grau de afetação das perceções criadas”.
Agora há que olhar em frente, reconstruir o posicionamento da marca Reino Unido assim como a sua reputação, confiança e intenção de compra e pensar novamente nas marcas corporativas e comerciais.
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