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Está a chegar uma versão mais silenciosa do luxo. Quem o diz são os especialistas na área, que referem existir um antes e um pós pandemia.
Quem nunca entrou na sua conta de Instagram e se deparou com uma influenciadora a fazer um unboxing de uma nova mala da Louis Vuitton, um cinto da Gucci ou uma t-shirt da Balenciaga? Os famosos logótipos das marcas de luxo sempre foram um must-have para quem aprecia moda, mas parece que a tal “logomania” está a desaparecer.
“Nos anos anteriores à pandemia, tinha havido um pico na logomania graças a designers como Alessandro Michele, na Gucci, e Demna, na Balenciaga, que cobriam produtos com ícones altamente visíveis – muitas vezes como referência lúdica à cultura obcecada pela logomania dos anos 90”, explica Luca Solca, especialista no mercado do luxo, ao Fast Company.
Mas quando a Covid-19 se espalhou pelo mundo, muitos consumidores viram os seus rendimentos decrescer consideravelmente, deixando de gastar dinheiro em jantares e viagens, apostando mais em produtos de luxo. Ao contrário do que se esperava, Louis Vuitton, Hermès, Cartier e outras Casas de luxo viram as suas vendas aumentarem entre 2021 e 2022.
“Muitos eram consumidores mais jovens que estavam a comprar o seu primeiro produto de luxo. Estes consumidores estavam mais inclinados para logótipos vistosos porque queriam que a sua nova mala ou peça de roupa se destacasse”, refere Luca Solca.
No entanto, ao que parece, há especialistas que acreditam que a “maré está a mudar”. Com uma economia em grande transformação e um maior foco na sustentabilidade, a era do logótipo parece estar a acabar, sendo substituída por designs mais subtis e minimalistas.
A obsessão cultural por logótipos é cíclica. Quando a economia está estável, tendem a aparecer, mas quando a recessão económica regressa os consumidores apelam por compras de luxo com um design mais subtil.
“Durante os próximos 18 a 24 meses, o crescimento do setor do luxo será impulsionado por consumidores com mais idade. Os sinais de riqueza tendem a ser mais “escondidos” e só quem sabe é que consegue identificar que aquele produto é de uma marca de luxo”, explica Solca à publicação online.
Esta alteração para o chamado “luxo silencioso” coincide também com uma mudança nas casas de moda. A Gucci separou-se de Alessandro Michele, em 2022, e ainda tem de anunciar um substituto. A Louis Vuitton acabou de nomear Pharrell Williams como novo diretor criativo. Já a Burberry contratou Daniel Lee para ser responsável pelas próximas criações da marca. É, por isso, provável que as novas contratações se queiram diferenciar e trazer uma nova abordagem a este universo.
No que toca às gerações mais novas, como é o caso dos Millennials, que estão a entrar agora na casa dos 30 anos, a preocupação com a sustentabilidade e as alterações climáticas está a aumentar. A resposta é comprar menos e evitar peças com grandes logótipos, já que daqui a cinco ou dez anos podem ficar desatualizadas.
“Há as marcas mais “barulhentas”, como é o caso da Gucci. Depois há aquelas mais silenciosas, como a Bottega Veneta. Quando estamos concentrados na longevidade do produto vamos escolher marcas que tenham poder de permanecer atuais por mais tempo”, explica a especialista.
Por fim, recentemente tem existido também o surgimento de outra grande tendência: os mercados de venda de produtos de luxo em segunda mão. E até aqui os especialistas referem que as malas mais clássicas, cuja estética não mudou muito ao longo das décadas, tendem a ter o maior valor de revenda.
Recentemente, o Imagens de Marca dedicou uma das emissões à análise do mercado do luxo. Reveja aqui o programa.
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