Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial: Ultrapassámos os nossos records de audiência em Televisão e Online nos últimos meses. Obrigado por ter estado connosco!
Agora, que começamos um novo ciclo, queremos continuar consigo e a tê-lo sempre ao nosso lado. Mais do que nunca é preciso estarmos juntos!
Quando mudei do Brasil para
Portugal fiquei surpresa ao entender as diferenças das leis de trabalho de um
país para o outro. No Brasil é preciso somente um mês de aviso prévio e não de
uma forte razão para que um profissional seja desligado de uma empresa. Fiquei impressionada
quando soube que para justificar certos casos de demissão em Portugal, o
empregador precisava eliminar aquela posição dos quadros da empresa.
Olhava para aquilo com um
olhar crítico, pensava que algumas medidas comprometiam a produtividade da
empresa. Observei profissionais insatisfeitos, que nada faziam para disfarçar o
seu descontentamento, a ocupar uma mesma posição por anos. Me perguntava se a
proteção demasiada do trabalhador afetava a competitividade e a meritocracia.
Mas é claro que eu estava a
observar um só lado da moeda.
Quando mudei para os
Estados Unidos, tive a chance de observar o lado mais extremo da falta de
proteção trabalhista. Lá pessoas podem ser desligadas de uma empresa do dia
para a noite, sem muitas explicações ou negociações. O modo como cada
empregador conduz o processo de demissão de um profissional é parte de uma
conduta própria e cultural de cada empresa. A lei não protege o empregado.
Aqui no Japão, no meio da
crise gerada pela pandemia, vejo o lado extremo oposto aos Estados Unidos.
A empresas acumulam lucro
durante a fase de crescimento da economia, para que durante períodos de crise
possam manter os seus funcionários, fazendo assim uso dos lucros obtidos em
épocas anteriores.
Isso acontece não porque as
empresas no Japão escolhem proteger os seus funcionários, elas o fazem por
falta de opção. Por lei é muito difícil demitir profissionais sob contrato fixo
no Japão.
Admito que hoje em dia
tenho outros questionamentos, diferentes daqueles que tinha quando mudei para
Portugal.
Depois de observar as
diferenças dos países pelos quais passei e ao ver tantos profissionais perdendo
os seus empregos, me pergunto se uma empresa tem mesmo que crescer todos os
anos para ser considerada saudável. É mesmo preciso alcançar sempre números
maiores e ter mais clientes a cada ano? E caso isso não aconteça, a única
solução é demitir pessoas?
Vi muitas vezes
reestruturações serem feitas onde um número grande de profissionais foram
demitidos e que após um curtíssimo período de tempo, a mesma empresa teve que
voltar a contratar rapidamente. Em outras palavras, o que foi feito não se
podia chamar reestruturação, e sim uma resposta para provar o comprometimento
com o lucro em detrimento da própria sustentabilidade da empresa.
No meio de uma pandemia
como esta, faz-nos pensar até onde o crescimento e o lucro prometido aos
stakeholders devem manter-se acima de tudo, justificando qualquer decisão.
Espero que no futuro
empresas possam basear o seu sucesso para além do seu crescimento.
O nível de contentamento e
comprometimento de funcionários, estabilidade, ideias inovadoras e medidas que
agregam valor a uma empresa deveriam contar para o sucesso da mesma, tanto
quanto o lucro obtido.
Artigos Relacionados
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.