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Para algumas gerações atrás, um emprego estável era o grande objetivo. Só assim seria possível subir na organização de uma empresa e fazer planos na vida. A ideia era começar a trabalhar cedo, ser promovido e juntar dinheiro. Entre as metas estavam o primeiro carro, viagens nas férias de trabalho e, mais para frente, um imóvel.
E foi exatamente isso que eu fiz nos meus primeiros 10 anos de carreira. Não me lembro de questionar esse caminho. Poderia ter feito diferente?
Também não questionei quando trabalhava muitas horas e fins de semana, como estagiária não remunerada, em tarefas que não necessariamente me enriqueciam como profissional. Entendia que o início de uma carreira era assim. O começo é sempre árduo. Será?
Estabilidade teve sempre uma importância grande demais para mim. Nunca saí de um emprego sem ter o outro garantido, mesmo estando a ponto de explodir. Fiz o que era certo?
Talvez tenha tomado decisões com poucos riscos mas, acima de tudo, questionei-me menos do que deveria.
Os millennials estão a fazer opções menos tradicionais. Conhecidos também como “the generation of renters”, eles raramente compram casa e - mais raramente ainda - compram carros.
Um trabalho numa grande organização que traga segurança, é cada vez menos uma prioridade para eles.
Desafiar o status quo e fugir do script padrão não é fácil. Temos muitos casos de jovens bem-sucedidos criando as suas startups, mas também temos muitos outros a sofrer por não se encaixarem numa organização mais tradicional.
Há muitos depoimentos sobre a dificuldade de gerir millennials. Muitos deles não aceitam facilmente esse início penoso para subir degraus na organização. Francamente, alguns deles nem querem saber se há degraus para subir. Não olham de baixo para cima: olham para o horizonte e estão dispostos a construir algo que se encaixe nos seus padrões de “bom emprego”.
Esta nova geração percebeu que uma carreira bem-sucedida não tem a ver com cargos ou salários altos. Tem a ver com flexibilidade, liberdade e criatividade. Tempo e experiências valem mais do que dinheiro.
Existem muitas outras maneiras de trabalhar hoje em dia, porquê fazer a opção mais tradicional? Conseguem imaginar esta geração tirando fotocópias e cafés como parte do processo inicial? Não! E eles estão certos!
Há exemplos de sucesso por todos os lados. Jovens youtubers com salários mais altos que experientes profissionais, instagramers tornando paixões em negócios lucrativos e jovens experts vendendo os seus conhecimentos em sites como Skillshare.
Por outro lado, muitas empresas têm mudado para atrair jovens profissionais. A política do “work from home” tem vindo a tornar-se norma em alguns casos. Mailbird e Automattic são exemplos de empresas 100% remotas com equipas espalhadas ao redor do mundo. Automattic até compensa os seus empregados por não ter um escritório, cada um recebe $250 por mês para gastar em um workspace ou num Starbucks.
Até aquelas empresas com uma organização mais tradicional tem aceitado que alguns dos seus funcionários trabalhem fora do escritório. Em alguns casos, que trabalhem viajando ao redor do mundo. É assim que muitos profissionais continuam a receber um salário quando aplicam para o remoteyear.com. O programa seleciona 75 profissionais para viajar e trabalhar em diferentes países durante um ano.
Para essa nova geração a regra é simples: ou o trabalho muda ou eles mudam de trabalho.
Vejo isto como algo positivo. Talvez no futuro tenhamos menos profissionais com um plano B na gaveta, idealizando o emprego ideal enquanto o atual paga as contas.
Os jovens têm se perguntado: “Para o que trabalhar? Como trabalhar? Onde trabalhar?” Todas essas são questões importantes para se fazer no início da vida profissional.
As respostas poderão não indicar o caminho mais fácil ou mais seguro, mas certamente irão apontar para o mais interessante.
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