Gostaria de abordar o tema da influência da Inteligência Artificial (IA) sobre a humanidade através dos algoritmos e mecanismos utilizados nas redes sociais.

Nos dias de hoje, é inegável que a IA desempenha cada vez mais um papel significativo na nossa vida quotidiana, afectando as nossas interacções, comportamentos e até mesmo as nossas opiniões. Andam todos apavorados com o ChatGPT, mas à medida que a tecnologia evolui, torna-se cada vez mais importante entender como é que os algoritmos da Inteligência Artificial funcionam e podem afectar a forma como as redes sociais manipulam o mundo à nossa volta.

A IA tem sido uma área de pesquisa com um crescimento anormalmente rápido, impulsionada pelos avanços tecnológicos, e especialmente pela disponibilidade de grandes quantidades de dados. Por meio da análise desses dados, os algoritmos de IA podem identificar padrões e tendências, o que significa que as grandes empresas perceberam que as redes sociais são o local ideal para obter quantidades massivas de informação, e com isso, manter os seus utilizadores “viciados” ao conseguirem manipular comportamentos, personalizar os feeds de notícias, recomendar produtos e até mesmo sugerir conexões de amizades inesperadas.

As redes sociais têm um objectivo principal: maximizar o interesse e a interacção do utilizador. Assim, os algoritmos de IA são projectados para mostrar a cada pessoa o conteúdo mais relevante. No entanto, essa personalização pode ter consequências significativas na nossa visão do mundo. Os algoritmos criam nichos de opinião, expondo os utilizadores a informações que reforçam as suas crenças, limitando a exposição a diferentes perspectivas e opiniões, o que por fim divide cada vez mais a sociedade.

A influência dos algoritmos nas redes sociais vai para além das simples escolhas do conteúdo a mostrar aos utilizadores. Eles também têm a missão e o poder de influenciar a tomada de decisões. Por exemplo, as recomendações de produtos podem direccionar-nos a determinadas compras, com base nos nossos interesses e histórico de navegação, tal como sugestões políticas, que promovem o conflito na sociedade. Esta curadoria de conteúdos pode parecer conveniente, mas restringe a nossa exposição a produtos e serviços que poderiam atender melhor às nossas necessidades, tal como à discussão sã de ideias e opiniões.

A ascensão da IA e dos algoritmos nas redes sociais também levanta questões éticas. Quem define as regras dos algoritmos? Como são programados para tomar decisões? Estas questões são especialmente relevantes quando se trata de conteúdo controverso, como discursos de ódio e desinformação. A responsabilidade recai tanto sobre as plataformas das redes sociais, como sobre os programadores e gestores de programas de Inteligência Artificial que deveriam garantir que os algoritmos fossem justos, transparentes e éticos.

À medida que a IA continua a evoluir, é importante considerar o seu impacto na sociedade. Embora possa oferecer benefícios significativos, também precisamos de estar cientes dos riscos e desafios associados. É necessária uma (possível) regulamentação adequada, com transparência, para garantir que a IA seja usada de forma responsável e em benefício da humanidade.

É essencial que todos nós estejamos conscientes desses factores para garantir que a IA seja usada de forma responsável e benéfica. É preciso garantir que moldamos a forma como esta tecnologia vai ser controlada para evitar sermos controlados.  Na verdade, nunca vimos a sociedade tão dividida e polarizada e na minha opinião, isto é um sinal de que a Inteligência Artificial já controla parte da humanidade.

Neste momento andamos “distraídos” com o ChatGPT, e outras ferramentas de IA que fazem coisas “maravilhosas” em segundos, mas os reais perigos desta tecnologia nunca vão ser tão evidentes, e o resultado para a humanidade da utilização da Inteligência Artificial será binário: Ou corre tudo muito bem, ou não.