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Nos últimos anos, o mundo do trabalho tem sido marcado por transformações profundas na forma como nos relacionamos com as nossas profissões. Fenómenos como a Grande Resignação, que em 2021 levou milhões a abandonar os seus empregos em busca de melhores condições e propósito, e o Quiet Quitting, no qual os trabalhadores passaram a focar-se apenas no mínimo essencial, refletem um descontentamento generalizado. Agora, uma nova tendência emerge: a Grande Exaustão.
Este fenómeno não é fruto de um único evento, mas sim de uma acumulação de fatores ao longo dos últimos anos. O cansaço deixou de ser uma questão exclusivamente individual e passou a ser uma experiência coletiva, enraizada nas estruturas organizacionais. Empresas que privilegiam resultados a curto prazo, ignorando as necessidades dos seus colaboradores, criam ambientes de trabalho onde a pressão constante e a falta de apoio resultam numa desconexão emocional e física.
O final do ano tende a intensificar este cenário. Tradicionalmente, os últimos meses são sinônimo de uma corrida contra o tempo: muitas empresas empenham-se em alcançar metas anuais, concluir projetos pendentes e preparar-se para o ano seguinte. Ao mesmo tempo, os trabalhadores enfrentam um cansaço acumulado de meses de trabalho intenso, com as suas reservas emocionais e físicas cada vez mais esgotadas. Este ciclo de sobrecarga reforça a Grande Exaustão, criando um contexto onde o bem-estar é facilmente negligenciado.
Para aliviar este peso, é essencial que tanto organizações como indivíduos adotem estratégias que promovam um equilíbrio mais saudável. Nas empresas, a revisão de expectativas e prazos pode fazer uma diferença significativa. Ajustar metas às capacidades reais das equipas e criar um ambiente colaborativo onde os trabalhadores se sintam valorizados são medidas indispensáveis para reduzir a sensação de sobrecarga. Mais do que pressionar por resultados a qualquer custo, as lideranças devem apostar numa abordagem que valorize o bem-estar coletivo, reconhecendo os esforços feitos ao longo do ano e celebrando conquistas, mesmo as menores.
Do lado individual, cada trabalhador precisa de reconhecer os seus próprios limites e priorizar o descanso e desconectar-se do trabalho fora do horário laboral são práticas cruciais para proteger a saúde emocional e física. O final do ano, além de ser uma fase de reflexão sobre conquistas e desafios, pode ser uma oportunidade para implementar mudanças que tragam mais equilíbrio no futuro.
A Grande Exaustão é um alerta de que o modelo de trabalho atual precisa de transformação. Não podemos continuar a perpetuar uma cultura que esgota as pessoas em busca de produtividade. Entrar num novo ano com energia e motivação deve ser visto não como uma exceção, mas como uma meta coletiva.
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