Reindustrialização. Este é um dos palavrões do novo léxico gramatical europeu. Ganhou especial incidência nos pós-pandemia, quando todos suspiraram por ondas de mudança ou, pelo menos, por um mundo melhor. Não passa, porém, de uma miragem, que esbarra quase sempre na tecnocracia de Bruxelas.

A malha legislativa europeia exige que se cumpram, dentro de portas, todos o tipo de requisitos legais. Para além das cargas fiscais elevadas, importa contribuir para a sustentabilidade do planeta e assumir comportamentos sociais irrepreensíveis. 

A Europa tende, porém, a esquecer essa objetividade face aos produtos importados que, quase sempre, escapam ao julgamento comunitário. Com condições concorrenciais bem mais favoráveis, não espanta que, em alguns segmentos de mercado, as importações extracomunitárias ascendam a valores próximos dos 90% da quota de mercado. 

O cenário piora se atendermos a que as empresas europeias ficam, não raras vezes, impedidas de abordar novas geografias face à existência de todo o tipo de espartilhos, mais ou menos burocráticos, que nem a boa vontade da Organização Mundial de Comércio ousa contornar. Feitas as contas, os princípios de comércio livre, justo e equilibrado são uma miragem. A reciprocidade não existe. A Europa tem muito coração, mas pouco juízo. 

Em resultado de décadas de políticas ziguezagueantes, a nossa indústria tem um grave problema de mercado. Ou melhor, de condições de acesso ao mercado. Pelo menos para já, a Reindustrialização europeia é uma utopia. 

Para ser competitiva, manter milhões de postos de trabalho e continuar a gerar a riqueza necessária para sustentar o afamado modelo social europeu, salva-se a clarividência de milhares e milhares de empresários, que procuram andar à frente do seu tempo, apresentar produtos de excelência, altamente inovadores e, se possível, a preços competitivos. Dito assim, até parece pouco.